sexta-feira, novembro 18, 2005

VAZIO (Liana Oliveira)

... e depois de tudo sobrou aquele vazio
...um vazio que dói na alma
que me tira a calma
...um vazio sem resposta
uma pergunta sem porque
...um vazio que estremece
que quase me enlouquece
...fazer como e o que
para preencher o vazio
que deixastes no meu corpo
sem teu beijo meu desgosto
...e um vazio que se eterniza
que escraviza e sem certeza
eu sigo no vazio que ficou de ti
...que ficou em mim

-*-*-*-*-*-*-*-

Quero apenas sinceridade, verdade... :'(

segunda-feira, setembro 05, 2005

Veja e sinta o vento
Olhe e contemple a Lua
Tenha no sol seu esquento
Pise no asfalto da rua

Sorria o mais que puder
Pois sorrir te trará calma
Chore quando quiser
Pois o choro consola a alma

Ame sempre fortemente
Adore as pessoas como elas são
Viva tudo intensamente
Perca um pouco a razão

A vida se forma assim
De choro, sorriso, amor e querer
E quando caio em mim
Tudo isso se resume em você...

(Autoria desconhecida)

segunda-feira, agosto 29, 2005

...

A pessoa que devia gostar de mim me vê como o ser mais ínfimo, mesquinho...
Por quê??? :'(

-*-

As estrelas são pequenos, ínfimos e solitários pontos brilhantes no céu escuro...
Este é seu destino...
Talvez nem elas nem quem as vê deva ousar tentar mudar isso.
A solidão é sua sina...


terça-feira, agosto 23, 2005

Como manter um amor

Uma mãe e a sua filha estavam a caminhar pela praia. Num certo ponto, a menina disse:

"Como se faz para manter um amor?"

A mãe olhou para a filha e respondeu:

"Pega num pouco de areia e fecha a mão com força..."

A menina assim fez e reparou que quanto mais forte apertava a areia com a mão com mais velocidade a areia se escapava.

"Mamãe, mas assim a areia cai!"

"Eu sei, agora abre completamente a mão..."

A menina assim fez, mas veio um vento forte e levou consigo a areia que restava na sua mão.

"Assim também não consigo mantê-la na minha mão!"

A mãe, sempre a sorrir disse-lhe:

"Agora pega outra vez num pouco de areia e mantenha na mão semi-aberta como se fosse uma colher... bastante fechada para protegê-la e bastante aberta para lhe dar liberdade"

A menina experimenta e vê que a areia não se escapa da mão e está protegida do vento.

"É assim que se faz durar um amor..."

(Autoria desconhecida)

domingo, agosto 21, 2005

segunda-feira, agosto 15, 2005

O Casal Dicionário (Claudia Letti)

Não se sabe quem começou a brincadeira. Talvez tenha sido ela, mas como nesse tabuleiro não dá pra movimentar as peças sem contar com a sensibilidade do parceiro, ela costumava dar-lhe todos os créditos. A brincadeira consistia em dar nome aos atos e sensações como se fossem coisas, sempre na tentativa de superar o outro em sagacidade, provocar reações e instigar palavras mais adequadas, pra não dizer sedutoras.

Assim, um abraço nunca era apenas um enlaçar de braços, um encostar de corpos, mas um ato que se comprometia com o assunto que estavam trocando. Quando falavam de viagens, por exemplo, o abraço vinha assinado como "turístico" e na palavra passeavam todos os caminhos que aqueles braços queriam percorrer, todos os países que seria possível imaginar e todas as culturas que poderiam conhecer: abraços gregos, turcos, indianos. Abraços internacionais. Abraços tridimensionais.

Os beijos então, não eram simplesmente lábios tocando outros lábios, mas tinham sabor, cor, espessura e eram suculentos em significados. O assunto poderia ser qualquer um, como a necessidade de fazer a feira, por exemplo, e lá vinha o beijo assinado no frescor de uma alface ou na eroticidade vermelha dos morangos. Neste quesito em especial, o tempo era o passatempo preferido. Um beijo molhado era um beijo com chuva. O iluminado era o beijo de sol. O selinho era tempo nublado — talvez identificando alguma rusga que nunca os consumia o suficiente pra deixar que os beijos perdessem seus sabores, cada dia e cada vez mais concentrados — como os sucos.

Esse era um jogo que não tinha regras muito definidas e sequer perseguia um vencedor. Como se vê era uma brincadeira de aprisionar os atos em sensações descritíveis mas nem sempre decifráveis pra quem tentava entender o que acontecia com eles sem conhecê-los direito. Eles brincavam sempre como se tivessem pequenos dicionários amorosos a lhes ditar palavras que pudessem alcançar o outro em essência e dimensão.

Até o dia em que cansaram de jogar "conversa dentro" e foram tratar de viver a vida que tinham planejado juntos. Elas, as palavras, pareciam ser menos necessárias então, e foram sendo consumidas uma a uma, transformando-se em olhares intensos, madrugadas silenciosas e dias atentos.

E muito tempo depois, quando o filho, ainda pequeno, perguntou-lhes o que era um dicionário, ela respondeu — não sem uma ponta de nostalgia — que dicionário também significava uma história de amor.

-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-

Saudades...
Já foi postado, mas por estar próximo ao meu estado de espírito hoje apresento-o novamente...

Rio descoberto (Oswaldo Montenegro/Raimundo Costa)

Quanto o sol mais se esconde
Aonde eu te perdi
Tenho as asas de sonho
De indefeso passarinho

Joga a primeira pedra
Pousa os olhos em mim
Sou como um rio descoberto
Só de saudade de ti

Céu das cidades satélites
Luzes que enxergo daqui
Guia do instante em que estou eu só
E que me entrego pra ti

Diz onde é que eu te encontro
Que eu não tenho onde ir
Tô cansado de abandono
Quero um colo pra dormir

Alma de Palhaço (Silvia Giovatto)

Abrem-se as cortinas, atenção!
Vai começar o espetáculo...
Lá vem o palhaço!
fazendo palhaçada, dando piruetas
batendo palmas sem parar...
O que será que ele está aplaudindo,
se deixou em casa um filho doente,
uma mesa vazia
um fogão apagado
uma mulher cheia de mágoas?
Pobre palhaço!
carregando um coração destroçado
ele domina o picadeiro pra ganhar o seu pão
Que alma linda tem o palhaço!
Esquece seus problemas e aplaude a multidão,
que nem imagina, que atrás daquela cara pintada
tem um homem que não pode chorar,
pra não borrar sua ilusão.

domingo, agosto 14, 2005

Vazio... (Angela Lara)

Vazio é o instante
em que queria teu beijo
e no entanto, o que encontro,
é minha boca muda,
aguardando o momento...
Vazio é o sentimento
que compartilho com o vento,
que farfalha a poesia,
como se fosse minha sina...
Vazio é o olhar
que em tardes de sol,
voa em todas as direções
e mesmo pousado,
já não se sente feliz...
Vazio é tudo que escrevo,
quando não sei das tuas noites,
quando adivinho teus segredos
e neste palco me ensaio
como uma perfeita atriz...

quinta-feira, agosto 11, 2005

OUTROS TERÃO UM LAR, QUEM SAIBA, AMOR...

Outros terão
Um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo.
A inteira, negra e fria solidão
Está comigo.

A outros talvez
Há alguma coisa quente, igual, afim
No mundo real. Não chega nunca a vez
Para mim.

"Que importa?"
Digo, mas só Deus sabe que o não creio.
Nem um casual mendigo à minha porta
Sentar-se veio.

"Quem tem de ser?"
Não sofre menos quem o reconhece.
Sofre quem finge desprezar sofrer
Pois não esquece.

Isto até quando?
Só tenho por consolação
Que os olhos se me vão acostumando
À escuridão.

Fernando Pessoa,1920.

DOBRE

Peguei no meu coração
E pu-lo na minha mão
Olhei-o como quem olha
Grãos de areia ou uma folha.

Olhei-o pávido e absorto
Como quem sabe estar morto;

Com a alma só comovida
Do sonho e pouco da vida.

Fernando Pessoa, 1913

CONTEMPLO O LAGO MUDO QUE UMA BRISA ESTREMECE

Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.
O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.

Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?

Fernando Pessoa, 1930

VAGA, NO AZUL AMPLO SOLTA

Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.

O que choro é diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma.

E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.

Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.

Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.

AO LONGE, AO LUAR, NO RIO UMA VELA

Ao longe, ao luar,
No rio uma vela
Serena a passar,
Que é que me revela?

Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.

Que angústia me enlaça?
Que amor não se explica?
É a vela que passa
Na noite que fica.

Fernando Pessoa, 1921

quarta-feira, agosto 10, 2005

Bem no Fundo

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela - silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

Paulo Leminski

AH QUANTA MELANCOLIA!

Ah quanta melancolia!
Quanta, quanta solidão!
Aquela alma, que vazia,
Que sinto inútil e fria
Dentro do meu coração!
Que angústia desesperada!
Que mágoa que sabe a fim!
Se a nau foi abandonada,
E o cego caiu na estrada -
Deixai-os, que é tudo assim.

Sem sossego, sem sossego,
Nenhum momento de meu
Onde for que a alma emprego -
Na estrada morreu o cego
A nau desapareceu.

Fernando Pessoa, 1924.

quarta-feira, agosto 03, 2005

Lua adversa

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha


Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.


E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles

quarta-feira, junho 08, 2005

Teste

Navegando pela net encontrei este teste.

Pelo resultado, ainda tenho salvação... :P:P:P


I am 13% loser. What about you? Click here to find out!

domingo, maio 01, 2005

Onde não se responde (Claudia Letti)

Ele perguntou o que fazia com o que sentia por ela. "Guarda", ela respondeu, com a simplicidade de quem sabe que estas coisas, quando simplesmente existem, não precisam de um alojamento, um lugar, um espaço definido.

Guarda, ela lhe disse, na esperança de que ele levasse seu conselho ao pé da letra, esperando ganhar tempo para encontrar o guardado mais tarde, quando tudo fosse possível.

Guarda, assim, como quem não quer nada, como quem vai usar daqui a um minuto, quando sair do banho, quando sair à rua, quando for dormir, quando amanhecer.

Guarda solto em cima da cômoda, à vista dos olhos, no meio de outras bugigangas, e finge que nem toma tanto espaço. Ou guarda na primeira gaveta, embrulhado em um papel de seda — daqueles que envolvem a maça de Caetano —, no fundo, longe dos olhos, e mesmo que você não abra a gaveta saberá que está lá. Mas quando e se você abrir, o perfume que vier lá do fundo vai invadir o quarto, a casa, devolvendo ao coração aquele sentimento de pertencer.

Guarda, ela lhe disse, tentando lhe dizer tudo isso, mas pronunciou apenas "guarda", como se uma única palavra pudesse produzir cenários perfeitos para guardar o que ele sentia por ela. Então, ele lhe perguntou "onde"? Depois de tudo que ela tinha lhe dito em uma palavra, que significava entrega, um sim, um "eu acredito", ele lhe fazia uma nova pergunta.

Onde? E ela, sem querer saber de pedir, sem querer entender de sofrer, sem querer explicar que o que sentia por ele estava guardado, intenso, represado e inflamável, disse simplesmente: "Se não tem espaço, joga fora".

E nessa hora lembrou de Leminski. Coração para cima — escrito em baixo: frágil.

RG (Cláudia Letti)

Eu não sou esta que anda pela rua, que trafega nas estradas, que enche a bolsa de papeizinhos sem identificação. Não sou a que morre de amores, a que renasce a cada paixão, a que se infiltra nos seus sonhos sem pedir licença. Não sou uma, mas muitas. Mitificada no feminino e discriminada nas esquinas.

Eu sou apenas a mulher do homem que escolhi, mãe do filho que pari ou ainda um enxerto na carência de muitos. Sou todas e sou nenhuma. Portanto desconfie de qualquer uma delas. Você pode estar diante de uma franca ou uma dissimulada. Depende mais e sempre do olhar de quem vê.

O que importa não é quem eu sou, mas sempre a que eu posso ainda vir a ser. E, ao passear seus olhos por aqui, não esqueça: uma mulher, não importa qual, é sempre um mistério exposto.



Braile (Claudia Letti)



tuas mãos
tateiam
minha pele
cega
de desejo


Para Que Sejamos Necessários

[Bruna Lombardi]

Transfere de ti para mim
Essa dor de cabeça, esse desejo, essa vidência.
Que careça em ti o meu excesso
Que me falte o que tu tens de sobra.
Que em mim perdure o que te morre cedo
E que te permaneça o que tenho perdido.
Que cresça, se desenvolva em teus sentidos
Que em mim desapareça.
Dá-me o que de possuir tu não te importas
E eu multiplico o que te falta e em mim existe.

Para que nosso encaixe forme uma unidade.
Indivisível.
- Que não se possa subtrair uma metade.

domingo, abril 24, 2005

Receita para lavar roupa suja

(Viviane Mosé)

Mergulhar a palavra suja em água sanitária depois de dois dias de molho, quarar ao sol do meio dia.

Algumas palavras quando alvejadas ao sol adquirem consistência de certeza.

Por exemplo a palavra vida.

Existem outras, e a palavra amor é uma delas, que são muito encardidas pelo uso, o que recomenda aguar e bater insistentemente na pedra, depois enxaguar em água corrente.

São poucas as que resistem a esses cuidados, mas existem aquelas.

Dizem que limão e sal tiram sujeira difícil, mas nada.

Toda tentativa de lavar piedade foi sempre em vão.

Agora nunca vi palavra tão suja como perda.

Perda e morte na medida que são alvejadas soltam um líquido corrosivo, que atende pelo nome de argura, que é capaz de esvaziar o vigor da língua.

O aconselhado nesse caso é mantê-la sempre de molho em um amaciante de boa qualidade.

Agora, se o que você quer é somente aliviar as
palavras do uso diário, pode usar simplesmente sabão em pó e máquina de lavar.

O perigo neste caso é misturar palavras que mancham no contato umas com as outras.

Culpa, por exemplo, a culpa mancha tudo que encontra e deve ser sempre alvejada sozinha.

Outra mistura pouco aconselhada é amizade e desejo, já que desejo, sendo uma palavra intensa, quase agressiva, pode, o que não é inevitável,
esgarçar a força delicada da palavra amizade.

Já a palavra força cai bem em qualquer mistura.

Outro cuidado importante é não lavar demais as
palavras sob o risco de perderem o sentido.

A sujeirinha cotidiana quando não é excessiva,
produz uma oleosidade que dá vigor aos sons.

Muito importante na arte de lavar palavras é saber reconhecer uma palavra limpa.

Conviva com a palavra durante alguns dias.

Deixe que se misture em seus gestos,que passeie
pela expressão dos seus sentidos.

À noite, permita que se deite, não a seu lado mas sobre seu corpo.

Enquanto você dorme, a palavra, plantada em sua
carne, prolifera em toda sua possibilidade.

Se puder suportar essa convivência até não mais
perceber a presença dela, então você tem uma palavra limpa.

Uma palavra limpa é uma palavra possível.


Não entendo

(Clarice Lispector)

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

Da chegada do amor

(Elisa Lucinda)


Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis um amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.

Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.

Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.
Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis um amor
que não se chateasse
diante das diferenças.

Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.
Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.
Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.
Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.

Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que sua estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis um amor que amasse.





sábado, abril 23, 2005

Character


Estava navegando pela net e encontrei este pôster. Gostei muito do texto.


Pensamento

Às vezes é tão difícil lembrar-nos disto...

sábado, abril 09, 2005

Aos Filhos de Gêmeos


(Oswaldo Montenegro)

Curioso, dispersivo
Você sempre tem algo a dizer
Signo dos opostos,
Signo dos vizinhos
Gêmeos há de ser:
Cada planeta, cada riso
Em cada esquina que houver,
Cada extremo reunido,
Cada homem gêmeo da mulher.
Gêmeos como a luz do dia
É vizinha do anoitecer
Gêmeos, chuva e quem diria
O sol que brilhará,
Dor e prazer
Cada planeta, cada riso
Em cada esquina que houver,
Cada extremo reunido,
Cada homem gêmeo da mulher

Geminiana




Geminiana, esta sou eu... curiosa, versátil, comunicativa, multifacetada!







quinta-feira, março 31, 2005

O Bem e o Mal - Danilo Caymmi

Eu guardo em mim
Dois corações
Um que é do mar
Um das paixões
Um canto doce
Um cheiro de temporal
Eu guardo em mim
Um deus, um louco, um santo
Um bem e um mal

Eu guardo em mim
Tantas canções
De tanto mar
Tantas manhãs
Encanto doce
O cheiro de um vendaval
Eu guardo em mim
O deus, o louco, o santo
O bem e o mal



Imagem retirada do site www.sebastiaojeovanni.net

domingo, março 20, 2005

Metade

Meu primeiro post não poderia ser outro.
Esta música do Oswaldo Montenegro diz tudo sobre mim e o que acredito...
Obrigada, Oswaldo, pela descrição precisa (com algumas adaptações, pois sou mulher... ;))

Metade

Que a força do medo que tenho,
não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio

Que a música que eu ouço ao longe
seja linda, ainda que tristeza

Que o homem que eu amo
seja pra sempre amado mesmo que distante

Porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece,
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a uma mulher inundada de sentimentos

Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço

E que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que penso
mas a outra metade é um vulcão

Que o medo da solidão se afaste,
e que o convívio comigo mesmo,
se torne ao menos suportável

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
que me lembro ter dado na infância

Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
a outra metade, eu não sei

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais

Porque metade de mim é abrigo,
mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer

Porque metade de mim é platéia,
e a outra metade é canção

E que a minha loucura seja perdoada,
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também!

(Oswaldo Montenegro)